Ontem, na finalização de um curso a atividade de cada grupo culminou em uma apresentação. E nem sei se fui a escolhida a expor, ou se escolhi ser, mas o fato é que lá estava eu na frente de dezenas de colegas de profissão apresentando o resultado de nosso trabalho. E quando a fiz, extrapolei a formalidade e falei como falo com os meus alunos, de forma espontânea e bem próxima. Em um determinado momento ouvi um comentário: “O que será que ela comeu no almoço?”
E somente agora vou responder o que comi no almoço e surpreendam-se, pois foi apenas o alimento necessário para manter o meu corpo vivo, o trivial, a comidinha de todo dia. Mas o que me moveu a fazer a apresentação do jeito que fiz, o ópio, o alimento, a motivação, foi nada mais nada menos que a emoção. Emoção sim, pois a rotina ainda não cansou o meu olhar. Ainda me emociono ao compartilhar meu conhecimento, pois o verbo a se conjugar em tempos modernos não é ensinar: é compartilhar. O que me move ainda é o brilho nos olhos dos meus alunos ouvintes. Embora deva confessar a vocês que falar para alunos é muito mais fácil, porque o que vejo nos olhos deles é expectativa, e nos olhos de meus pares, crítica.
Lá na frente, com inúmeros olhares cravados e prontos a me julgar, me senti algo parecido com “uma garotinha, sentada com minhas meias três quartos, esperando o ônibus da escola, sozinha, rezando baixo”, mas usando um pouco da malandragem que aprendi nesses anos, em que gente é a minha matéria prima e que um bolo não é redondo porque lembra bola, mas que ele pode ser quadrado, estrelado ou infinitamente diferente para cada um, fiz minha apresentação ignorando quem me olhava e levando em conta como eu olhava.
Obs.: No texto encontramos referência à crônica “Vista Cansada” de Otto Lara Resende, à letra da música “Malandragem”, de Cássia Eller e ao Livro “Marcelo, Marmelo, Martelo” de Ruth Rocha
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